Poços de Caldas, MG – Hoje é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Em meio a tantas conquistas, o sentimento é de que ainda muito precisa ser feito. Em Poços de Caldas a situação não é diferente e até mesmo na política as mulheres são minorias. De 15 vereadores na atual legislatura, apenas Regina Cioffi e Luzia Martins representam o sexo feminino. Porém, mesmo em minoria elas defendem a classe com determinação e não pensam duas vezes em arregaçarem as mangas e encararem os combates pelas causas femininas. Para a Dra. Regina Cioffi, a mulher precisa galgar seu espaço em todos os setores, inclusive na política. Para ela falta mais representatividade na política como agente político. Só assim, segundo a vereadora, a mulher conseguirá participar com mais efetividade na construção de políticas públicas direcionadas para as mulheres. “Não há, de uma maneira geral, interesse dos homens em políticas públicas voltadas especificamente para as mulheres, uma política pública mais contundente e que realmente foque as necessidades delas”, disse a vereadora. Ela ressalta que para isso acontecer é preciso um número de representantes maior de mulheres no Congresso Nacional e nos municípios. “Para uma chapa de um partido, para um pleito eleitoral, 30% tem que ser mulher, porém, isso não tem o mesmo peso para uma cadeira. Neste caso deveria ter também 30% das cadeiras ocupadas por uma mulher, mas isso não acontece”, disse. Mas ela também reconhece que existe pouca luta feminina nesta área. “Temos 53% do eleitorado da população feminina, mas apenas 12 a 15% de mulheres ocupando cadeiras em cargos eletivos. Muito pouco e este quadro precisa mudar”, disse a vereadora. Dra. Regina conta que em 2021 apresentou vários projetos de combate à violência contra as mulheres. “Estamos apresentando também para uma participação mais efetiva da mulher em termos de informação e de conhecimento em relação à política do Parlamento Mulher”, disse a vereadora. Este é seu mais novo projeto que foi apresentado para tramitar na Câmara Municipal, que tem como objetivo discutir políticas públicas voltadas para as mulheres. “Temos várias lacunas como a questão das mulheres no trabalho que fazem a mesma função que os homens, mas com uma remuneração muito inferior. Por que isto acontece? São comuns casos de mulheres muito mais capacitadas que os homens e mesmo assim a diferença de tratamento é imensa. Não queremos ser mais, digo sempre isso, apenas queremos ter os mesmos direitos e é importante que as mulheres saiam dos bastidores para discutir a política pública”, destaca a vereadora.

Dra. Regina disse que entende quando a mulher defende que não quer ser candidata e que não tem este perfil, mas ela acrescenta que não aceita que não haja participação na construção das políticas públicas. Ela disse que é importante o apoio nas causas, pois assim fica mais fácil cobrar soluções para problemas diversos que elas enfrentam. Já para aquelas que acreditam que podem ser boas políticas é importante que coloquem seus nomes à disposição. “Há quanto tempo na Câmara de Poços de Caldas temos apenas duas vereadoras? Por que isso acontece? Por que não se elege mais mulheres? São assuntos importantes que precisamos colocar numa roda de debate para entender o porquê disto.  Por que será que muitas mulheres preferem depositar seus votos nos homens e deixam de eleger mulheres com capacidade para determinados cargos? Isso acontece por falta de um apoio maciço das mulheres e isso é inaceitável”, falou a vereadora.

Para a vereadora é preciso uma caminhada num pleito mais democrático e mais justo, mas é preciso uma união maior das mulheres para que isso aconteça.

Dia da Mulher

Dra. Regina acha lindo uma data para comemorar o Dia da Mulher. Merecido, mas não adianta em nada na prática se as próprias mulheres não buscarem seus direitos. “Falar da mulher, de sua importância é lindo, bacana ser lembrada, mas a gente precisa disso o ano todo, a vida toda. Precisamos desta atenção, deste respeito, não em um dia que foi determinado por alguém. Não é impossível isso acontecer. Eu mesmo consegui em 2015 ser a primeira mulher presidente da Câmara Municipal e disso eu tenho muito orgulho. Não é impossível a mulher chegar ao poder, mas não é fácil e precisamos de determinação, disciplina, saber articular com transparência, leveza e principalmente com respeito. Quero que todas as mulheres aproveitem sim o seu dia, mas façam um chamamento a todas as demais colegas para participar da política, mas de uma política boa, uma política de construção, de sustentabilidade e assim poderemos ter um dia um cenário muito diferente deste que temos hoje”, finalizou Dra. Regina Cioffi.

Luzia Martins

A vereadora Luzia Martins é a outra representante das mulheres na atual Câmara Municipal. Ela compactua com as falas da colega Dra. Regina e vê muita desigualdade entre homens e mulheres. Ex-secretária de Promoção Social, Luzia viu situações de desigualdades difíceis de serem lidadas. Mas a luta pelas mulheres sempre será sua bandeira principal. “Março sempre é um mês de reflexões das desigualdades. Tudo que a mulher vai fazer é sempre mais difícil, ela sempre precisa falar mais alto para ser ouvida, ela precisa demarcar um espaço e sua voz não ecoa”, destaca Luzia Martins. Mas ela conta que muitas conquistas vieram, muitas situações mudaram, mas tudo é sempre com muita dificuldade, nada vem fácil para quem nasceu mulher no Brasil. “São coisas que demandam persistência, trabalho, força de vontade, enfrentamentos”, disse a vereadora. Segundo Luzia, a preocupação será sempre buscar mais, mas conseguir sem precisar gritar para que isso aconteça. A exemplo de Regina, Luzia destaca a capacitada política das mulheres, mas uma capacidade incapaz de ajudar a maioria a se eleger. “Temos a maioria das eleitoras, mas não temos as mulheres eleitas. Tá errado. Algo precisa mudar”, disse.

Quando fala da questão social, Luzia Martins se mostra ainda mais preocupada. “A mulher acaba sendo responsabilizada pelos filhos, vira arrimo de família, fica sozinha na maioria das vezes e não é uma vida nada fácil”, conta a vereadora, que tem como proposta discutir o que a mulher enfrentou durante a pandemia. Isto será discutido na Comissão da Mulheres, da qual faz parte. “Vamos abordar desemprego, aumento da violência, entre outros assuntos”. 

Paulo Vitor de Campos

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