O Deserto da Razão

Data da Publicação:

28/03/2025

HUGO PONTES

A filosofia inscreve que existe uma proximidade entre a satisfação e a morte. Com isso, pretende-se dizer que existe uma estagnação da filosofia no que toca os aspectos plausíveis das certezas que não admitem discussões.
É certo dizer que o desenvolver do conhecimento admite o diálogo e não a conferência. A troca de informações honestas leva-nos à liberdade de pensamento, distancia-nos do que é intolerante e elimina a opinião exclusiva.
E, sobretudo, dificulta o absolutismo.
Ao que sabemos, existem duas vertentes para a inteligência sem o absolutismo filosófico. A primeira trata daquele que recusa – por teimosia – as novas fórmulas e novos conceitos e não percebe o renascimento de um broto em um tronco considerado morto; que não avança porque não contraria; e que se apropria dos valores históricos e afetivos das velharias tradicionais. A outra vertente, ou seja, a segunda admite uma visão ampla, pois aceita o princípio de todos os postulados e considera-os.
Isso não quer dizer que as pessoas, ao analisarem os postulados, estejam se violentando. Pelo contrário, deixam a nítida sensação de que estão, por força de uma atitude soberana, temperando e educando o próprio espírito.
Acreditamos ser aceitável o choque entre os sistemas que regem o fazer humano do que a unanimidade cega, porque esta traz soluções paliativas e causam a descrença, além de inibir a criação e tolher o raciocínio.
Somente a objetividade traz à luz o sentido humano da prática que, na realidade, fica entre o empírico e o racional.
O filosófico não poderia apregoar verdades imutáveis. O exercício da objetividade na filosofia e não a sua subjetividade daria ao homem maior certeza do seu estar-no-mundo, sem traumas.
Ao lançar o grito libertário na Renascença e na Reforma, a inteligência humana, enclausurada durante séculos, brotou e produziu frutos com os novos pensadores que vieram descortinar novos horizontes para dignificar o saber do homem e empreender novos rumos para as ciências e para as artes.
A esse modo e tempo, deitou-se por terra o diletantismo intelectual e proporcionou o avanço da razão.
Acredita-se, por certo, que há uma objetividade na filosofia que é possível ser atingida, que não deverá ser pela aceitação simples das interpretações individualistas as quais produzem, por assim dizer, o deserto da razão.

*Professor, poeta e jornalista

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