Wiliam de Oliveira
Analise os dias atuais e perceba.
Estamos contraditórios, para não dizer, somos.
Enaltecemos a necessidade da tolerância e praticamos a intolerância.
Proclamamos a importância da democracia e rejeitamos opiniões diferentes da nossa.
Manifestamos ser contrários ao discurso do ódio, usando exatamente palavras que ventilam nossa ausência de afeição.
Ressaltamos o valor da compreensão, mas basta apenas um gesto do outro para emergir na superfície nossa dificuldade em compreender.
Vociferamos as arbitrariedades da justiça e, em nossas conversas cotidianas, julgamos e condenamos pessoas.
Dizemos precisar, mais do que nunca, de fortalecer o interesse coletivo e estamos cada vez mais interessados em nossa individualidade.
Para não alongar por demais o tema, lembrei-me de uma experiência pessoal.
Certa vez, como repórter de TV, fui produzir matéria sobre as inscrições, em Poços, de cantores e músicos no programa “Fama” exibido pela TV Globo. Uma imensa fila se formava e eu buscava, entre os candidatos, alguém para ser entrevistado. Daí, chamou minha atenção, um sujeito totalmente diferenciado por sua aparência pessoal e trajes coloridos e resolvi abordá-lo. Disse a ele que estava realizando reportagem sobre os candidatos na fila da “Fama” e gostaria de ouvi-lo sobre as expectativas de estar entre os classificados, ao que ele, imediatamente, rejeitou, dizendo:
– Não vou dar entrevista nenhuma. Sou contra o Sistema!