Essa semana, alguém me disse: “Eu não vou confiar em mais ninguém, nem para amizade, nem para o amor. Estou desiludida!” Diante desse desabafo, perguntei: Por que será que você se desiludiu tanto assim? O que você precisa para enxergar as pessoas e as situações com mais clareza?
A palavra desilusão vem de perder a ilusão. E talvez, por isso, seja tão dolorido: nos desiludimos justamente com aqueles em quem depositamos confiança. Mas, por mais doloroso que seja, a desilusão nos oferece algo valioso: a possibilidade de enxergar a realidade como ela é.
Já parou para pensar que, muitas vezes, essa dor nasce das expectativas que criamos? Confiamos demais, esperamos demais e, pior, entregamos partes de nós que talvez devessem ser só nossas. Segredos, fragilidades, sonhos… tudo depositado nas mãos de alguém que nem sempre sabe ou pode cuidar disso. Quando o outro não corresponde às nossas projeções, o choque com a realidade é inevitável.
A verdade é que a dor da desilusão vem menos do outro e mais do que acreditamos sobre ele. Criamos imagens idealizadas, atribuímos intenções e significados, esperamos respostas que nunca foram prometidas. E quando a realidade se impõe, sentimos o impacto. Mas, apesar da dor, há algo que podemos extrair desse processo: a chance de recomeçar sem fantasias, sem ilusões que nos cegam para a verdade.
O que fazer, então? Recolher nossos pedaços, aprender a confiar com mais consciência e reservar para nós aquilo que nos é raro e precioso. Não se trata de fechar o coração, mas, de abrir os olhos. Porque confiar não significa entregar-se sem reservas, significa escolher, com sabedoria, onde e com quem depositamos nossa essência.
E, talvez o mais importante: confiar em si mesmo, desenvolver a resiliência, a maturidade de encarar a desilusão, na lucidez para aprender com a decepção e na firmeza de seguir adiante, com os pés no chão e o coração aberto ao que vem.
Veruska Matavelli Prata Maziero
Psicóloga- CRP 04/79749
Instagram: @psiveruskamaziero