A recente operação da Polícia Federal, que revelou um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), escancara, mais uma vez, uma das maiores chagas da administração pública brasileira: a corrupção institucionalizada, que se alimenta da fragilidade dos sistemas de controle, da burocracia ineficiente e da impunidade.
Mais de 4 milhões de aposentados, pensionistas e beneficiários, justamente os mais vulneráveis da sociedade, foram vítimas de descontos indevidos, feitos por organizações que atuaram de forma criminosa dentro ou em conluio com o próprio sistema que deveria protegê-los.
Se em qualquer órgão público esse tipo de crime já seria revoltante, quando se trata do INSS, a perversidade ganha outra dimensão. Atinge quem não tem outra fonte de renda. Aposentados, pessoas com deficiência e pensionistas, que dependem da previdência social para garantir suas necessidades mais básicas, foram explorados por um esquema que, segundo investigações, se manteve ativo por anos.
O escândalo também revela algo ainda mais preocupante: a incapacidade crônica do Estado brasileiro em se proteger contra a corrupção. Estruturas inchadas, processos falhos, fiscalização precária e falta de responsabilização transformam o serviço público em terreno fértil para práticas ilícitas, muitas vezes operando contra o próprio interesse público.
Diante disso, é urgente uma reflexão: até quando a sociedade brasileira aceitará que o dinheiro de quem mais precisa continue sendo alvo de criminosos que, muitas vezes, se escondem sob o manto da legalidade? Até quando as instituições se mostrarão frágeis, permissivas e incapazes de garantir o mínimo de segurança para quem depende delas?
Não se trata apenas de punir os culpados — o que é essencial. Trata-se de reconstruir a confiança da população no serviço público.
O rombo no INSS não é só financeiro. É um rombo na dignidade, na esperança e na credibilidade das instituições brasileiras. E ele exige, mais do que nunca, uma resposta à altura.