A escalada dos preços e o aperto no orçamento doméstico vêm forçando milhões de brasileiros a mudarem seus hábitos alimentares – não por opção, mas por necessidade. A mais recente análise da Kantar revela um cenário alarmante: a crise econômica, acompanhada da pressão inflacionária, tem empurrado o consumidor para fora dos restaurantes e afastado as refeições com alimentos frescos, substituídos por produtos industrializados e mais baratos.
O que isso mostra? Que as famílias estão priorizando itens básicos de preparo doméstico, optando por marcas mais baratas e promoções. A deterioração da qualidade nutricional dos alimentos consumidos, agravada pela redução do consumo de produtos frescos, atinge diretamente a saúde física da população.
A crise, porém, não afeta apenas o corpo. Ela impacta também a economia dos pequenos negócios, como bares e restaurantes, que sofrem com a queda na frequência de clientes. A dependência cada vez maior de alimentos ultraprocessados e de menor valor nutricional é um reflexo de políticas públicas ineficazes para combater a inflação alimentar.
Na tentativa de equilibrar as contas, o consumidor reforça a presença dos chamados “pacotinhos” – embalagens menores e mais baratas – no carrinho do supermercado. Itens como doces, bebidas, produtos de mercearia e alimentos perecíveis em porções reduzidas ganharam espaço no cardápio diário.
Diante deste panorama, é urgente que o governo federal assuma um papel mais ativo na regulação dos preços dos alimentos essenciais e na criação de políticas públicas voltadas à segurança alimentar. A alimentação saudável não pode continuar sendo um privilégio.