O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, reacende um alerta vital para a humanidade: estamos falhando na missão de preservar os recursos naturais e dar destino sustentável ao que consumimos. Os números do Circularity Gap Report 2024, elaborado pela organização internacional Circle Economy, são alarmantes: apenas 6,9% dos materiais utilizados globalmente retornam ao ciclo produtivo por meio da reciclagem.
Isso ocorre em um contexto de consumo crescente. O mundo utiliza cerca de 115 bilhões de toneladas de materiais por ano, o que impõe uma pressão insustentável sobre ecossistemas e reservas naturais. A lógica ainda dominante é a do descarte, não a da reutilização. A economia circular — que prioriza a redução, o reuso e a reciclagem — segue sendo exceção, não regra.
No Brasil, o cenário não é diferente. A Abrema, com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2023, aponta que o país gera aproximadamente 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano. No entanto, apenas 4% desse volume é reciclado de forma efetiva. Mais de 90% dos resíduos com potencial de reaproveitamento seguem para aterros ou, pior, para lixões a céu aberto, desperdiçando materiais valiosos e ampliando os danos ambientais.
A negligência na gestão dos resíduos representa um contrassenso inaceitável em plena crise climática. Em vez de promover soluções regenerativas, continuamos alimentando um modelo de consumo linear e insustentável. O problema não é a falta de alternativas tecnológicas ou conhecimento técnico — é a ausência de vontade política, incentivos econômicos adequados e engajamento social.
Fechar o ciclo dos materiais deve ser prioridade estratégica para governos, empresas e cidadãos. Investimentos em logística reversa, ampliação da coleta seletiva, inclusão dos catadores no sistema formal e educação ambiental são caminhos já conhecidos — falta aplicá-los com escala e seriedade.