Poços de Caldas, MG – Quem participou da oficina ministrada na noite da última quarta-feira (12), na Biblioteca Municipal Centenário, pôde conhecer o maravilhoso mundo da literatura de cordel, pelas mãos da cordelista cearense Anilda Figueiredo. A escritora está na cidade para a inauguração da primeira Cordelteca de Poços de Caldas, que leva seu nome. A inauguração consta da programação da Noite Mineira de Museus e Bibliotecas e será realizada nesta quinta-feira (13), às 19h.
“A oficina de Cordel foi muito gratificante. Aprendi muito mais do que ensinei. Seria uma petulância querer ensinar mineiro fazer poesia. Lembrando Adélia Prado, Drumond de Andrade (e muitos outros), além dos poços-caldenses Jurandir Ferreira e Antônio Cândido. Percebi o interesse dos participantes em conhecer o mundo maravilhoso da literatura de cordel. Logo, surgiu quem fizesse uma quadra, sextilha ou setilha. Isso é descobrir novos talentos”, conta a cordelista.
Cerca de 20 pessoas participaram da oficina, que abordou os seguintes conteúdos: breve histórico sobre cordel; noções básicas sobre rima, métrica e oração; exemplos de trova, quadra, sextilha, setilha e décima; a poesia de Patativa do Assaré; noções de Xilogravura.
“A palestra da cordelista Anilda Figueiredo foi uma grata surpresa. Ela é especialista em cordel, mostrou para todos a sua capacidade de escritora e nos deu grandes dicas sobre como escrever um cordel. Também foi outra grata surpresa quando a Auryana Archanjo, que é psicóloga mas também aprendiz em xilogravura, nos mostrou a sua técnica em madeira e seus processos criativos. Sem dúvida, a proposta da Cordelteca que será implementada na Biblioteca Centenário nos ajudará a mostrar para os nossos alunos como trabalhar e implementar a literatura de cordel na nossa região”, ressalta a professora de Artes, Denise Botelho.
A Literatura de Cordel é um gênero literário popular, que consiste em poemas escritos em folhetos e divulgados oralmente. O nome “cordel” vem da forma como os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas. Trata-se de uma importante manifestação cultural que inclui a poesia, a música e a ilustração. Os autores, chamados de cordelistas ou repentistas, recitam os versos com melodia e cadência, acompanhados de viola ou pandeiro. A Literatura de Cordel é essencial para a manutenção da identidade local e das tradições literárias regionais.
A iniciativa da criação da primeira Cordelteca em Poços de Caldas e da realização da oficina de cordel com Anilda Figueiredo partiu do projeto “O Cordel Canta Minas Gerais”, da escritora e atriz Beatriz Aquino, com produção executiva de Daniela Vilas Boas. Com proposta contemplada no Edital da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), a escritora visitou as cidades de Fortaleza e Crato, no Ceará, onde teve a oportunidade de conhecer a Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel, dentro da Universidade de Fortaleza (Unifor), o Centro Acadêmico Patativa do Assaré, na Universidade Federal de Fortaleza e a Academia dos Cordelistas do Crato, onde pôde conhecer o valioso trabalho da Academia e seus membros. O projeto teve como objetivo trazer a Literatura de Cordel para as terras mineiras ampliando, assim, o repertório de expressão popular nordestina no Sul de Minas.
Anilda Figueiredo
A homenageada que dará o nome à Cordelteca, Maria Anilda de Figueiredo, é natural do Crato/Ceará. Graduou-se em Direito pela Universidade Regional do Cariri – URCA, Especialista em Direitos Humanos Fundamentais e em Língua Portuguesa Arte e Educação, pela URCA. Funcionária aposentada do Banco do Brasil S.A., foi professora universitária de Literatura Brasileira e de Literatura Popular: Cordel. Atualmente, ministra oficinas de Cordel na rede escolar do município. Tem mais de cinquenta cordéis publicados, com temas variados, como biografias, homenagens, religiosidade, meio ambiente, direitos humanos, em defesa da mulher, historiografia da região do Cariri e muitos outros assuntos.