Redução da jornada e fim da escala 6×1 podem impactar até 16% do PIB, aponta estudo da FIEMG

​Redução da jornada e fim da escala 6×1 podem impactar até 16% do PIB, aponta estudo da FIEMG 

Data da Publicação:

17/04/2025

SISTEMA FIEMG | Divulgação

Levantamento aponta aumento de custos, risco à competitividade e alta da informalidade como principais consequências da proposta em debate no Congresso Nacional

A proposta de redução da jornada de trabalho e o possível fim da escala 6×1 — em tramitação no Congresso Nacional — pode gerar um impacto econômico expressivo no Brasil. É o que revela um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), apresentado nesta quarta-feira (16/04), durante o evento Jornada 6×1 e os Impactos nas Relações de Trabalho.

O levantamento aponta que a medida pode provocar aumento de custos operacionais, perda de competitividade, elevação da informalidade e até o fechamento de 18 milhões de postos de trabalho em todo o país.

Segundo o estudo, a redução da jornada sem aumento proporcional de produtividade poderia comprometer até 16% do Produto Interno Bruto (PIB), com uma queda de até R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos.

“Antes de discutir a redução da jornada de trabalho, o Brasil precisa enfrentar seu maior desafio: a baixa produtividade. O trabalhador brasileiro produz, em média, apenas 23% do que um trabalhador dos Estados Unidos. Reduzir o tempo de trabalho sem elevar a produtividade é uma conta que não fecha e coloca em risco milhões de empregos”, afirmou o economista-chefe da FIEMG, João Gabriel Pio.

Impacto na renda e no emprego

No cenário mais extremo, com redução da carga horária para até 40 horas semanais sem ganho de produtividade, o Brasil poderá perder até 18 milhões de empregos e sofrer uma redução de R$ 480 bilhões na massa salarial.

Mesmo em um cenário mais otimista, com aumento de 1% na produtividade, o país ainda enfrentaria a perda de 16 milhões de empregos e queda de R$ 428 bilhões na renda dos trabalhadores.

Riscos para o consumidor e pequenos negócios

O presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, alertou para o repasse dos custos ao consumidor final:

“Imagine um restaurante que funciona com dois garçons. Se a jornada for reduzida, o dono do estabelecimento precisará contratar mais um. Esse custo inevitavelmente será repassado para o preço da comida que chega à mesa do cliente.”

Informalidade e perda de competitividade internacional

A medida pode também aumentar a informalidade, que hoje já atinge 38,3% dos trabalhadores brasileiros. Segundo a FIEMG, muitas pequenas e médias empresas não conseguirão absorver os novos custos e poderão optar por contratações informais ou enxugamento das operações.

Além disso, países como México, China, Índia e Vietnã, com jornadas mais extensas e custos menores, podem atrair investimentos e produção industrial, prejudicando o Brasil no mercado internacional.

“A experiência internacional mostra que a redução da jornada precisa ser acompanhada de ganhos reais de produtividade. Mesmo em países ricos, como a França, a redução da carga horária de 39 para 35 horas não trouxe os resultados esperados e gerou perda de competitividade”, reforçou Roscoe.

Caminhos para o desenvolvimento

O estudo conclui que o verdadeiro caminho para o desenvolvimento está no aumento da produtividade, por meio de investimentos em educação, qualificação profissional, inovação e melhoria do ambiente de negócios — e não na simples redução da jornada de trabalho.

Clique aqui para acessar o estudo completo


Sobre o evento

O evento Jornada 6×1 e os Impactos nas Relações de Trabalho foi realizado em parceria com entidades como ACMinas, CDL BH, FCDL, FAEMG, Fecomércio, Federaminas, Fetcemg, Ocemg e CIEMG, reunindo empresários e representantes do setor produtivo mineiro.

 

Leia Também

Foto: Divulgação

​Municípios podem receber recursos por meio do Fundo Municipal de Saneamento 

Belo Horizonte, MG - A Arsae-MG (Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais) está habilitando municípios para receberem repasses por meio do Fundo Municipal de Saneamento Básico (FMSB). Os recursos devem ser…
Foto: Divulgação

ExpoZebu com cifras expressivas

Uberaba, MG - A 90ª ExpoZebu segue movimentando cifras expressivas em Uberaba. Os primeiros leilões realizados durante a feira já somam R$ 9,58 milhões em negócios, conforme balanço atualizado da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Somente na quinta-feira…
Foto: Divulgação

Operação combate extração de ouro

Montes Claros, MG - Nesta sexta-feira (25), a Operação Rios Salvos foi deflagrada com o objetivo de combater a extração ilegal de ouro nos rios das Mortes e Grande, nas regiões de Tiradentes e São João del-Rei, em Minas Gerais.…
32 anos ao lado de quem alimenta o Brasil

​32 anos ao lado de quem alimenta o Brasil 

Belo Horizonte, MG - Transformar o campo é impulsionar o desenvolvimento do Brasil. Ao completar 32 anos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Minas Gerais (Senar Minas) reafirma sua missão de promover a transformação do meio rural por meio…
AMM firma parceria com a Academia Vitorino e Mendonça para oferecer curso de Comunicação Governamental para prefeituras

​AMM firma parceria com a Academia Vitorino e Mendonça para oferecer curso

Belo Horizonte, MG - Com o objetivo de capacitar gestores, assessores e servidores públicos na área da comunicação governamental, a Associação Mineira de Municípios (AMM) firmou uma parceria com a Academia Vitorino e Mendonça (AVM) — considerada a principal escola…
Foto: Divulgação

Alimentação mais cara

Uberlândia, MG - O setor de alimentação e bebidas foi um dos grupos que mais contribuiu para o aumento da inflação em Uberlândia durante o mês de março, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos, Pesquisas e…

Login de Assinante

Ainda não é assintante?

Ao se tornar assinante, você ganha acesso a matérias e análises especiais que só nossos assinantes podem ler. Assine agora e aproveite todas essas vantagens!