Poços de Caldas, MG – Na madrugada deste domingo, 4, uma mulher foi resgatada de uma situação de violência doméstica extrema no bairro Dom Bosco, em Poços de Caldas. A ação aconteceu por volta das 3h26 da manhã, quando a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) acionou a Polícia Militar através do número 190, solicitando apoio no atendimento a uma vítima com diversas lesões físicas causadas por agressões do companheiro. A vítima, no entanto, relutava em permitir a presença policial no local.
A ocorrência foi registrada na Rua Maracanã. No local, vizinhos relataram que a mulher estaria sendo mantida em cárcere privado e sofrendo agressões dentro da residência. Ao chegar, os policiais, acompanhados pela equipe do SAMU, tentaram contato com os moradores e se identificaram como PM. Foi então que ouviram gritos de socorro da vítima vindos de dentro da casa, juntamente com ordens do agressor para que ela não abrisse a porta.
Diante da gravidade da situação, os policiais arrombaram a porta de entrada. Ao se dirigirem ao quarto dos fundos, encontraram segurando a vítima pelo pescoço com um dos braços, enquanto pressionava suas costas com a outra mão. A mulher apresentava visíveis sinais de violência e sangramentos.
Os policiais deram várias ordens para que o agressor soltasse a vítima, mas ele resistiu ativamente. Foi necessário o uso de força física para conter o agressor, que foi imobilizado com técnicas policiais, incluindo golpes com bastão de madeira, contenção manual e algemamento. Após ser dominado, o agressor recebeu voz de prisão em flagrante, foi informado de seus direitos e conduzido ao xadrez da viatura.
A vítima foi imediatamente socorrida pela equipe do SAMU, apresentando diversas lesões no rosto com sangramento, edemas na região cervical e mordedura na mão direita, entre outras marcas de agressão, conforme registrado em relatório médico. Ela relatou que o companheiro estaria transtornado, possivelmente sob efeito de entorpecentes, e que a agrediu com vários socos, além de ameaçá-la para que não acionasse a polícia.
Ambos os envolvidos foram levados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde receberam atendimento médico. O agressor apresentava escoriações pelo corpo, edemas e uma lesão na perna esquerda, na região da tíbia. Durante exames de imagem, foi constatada a presença de um objeto semelhante a um projétil de arma de fogo na altura do joelho esquerdo, o qual, segundo o agressor, teria sido alojado quando foi atingido durante uma briga familiar aos 17 anos de idade. Após os atendimentos médicos, os dois foram conduzidos à Sala de Registro de Ocorrências no bairro Santa Rosália, onde aguardaram o atendimento da autoridade policial de plantão. Foram anexados ao boletim dois relatórios médicos detalhando as lesões da vítima e do autor.
As investigações preliminares revelam que o conflito entre o casal já havia iniciado anteriormente. No mesmo dia, uma outra viatura da Polícia Militar chegou a comparecer ao local, porém, naquele momento, a vítima dispensou qualquer medida, relatando não haver lesões aparentes.
A ocorrência foi registrada pela 4ª Pelotão da 162ª Cia PM do 29º Batalhão da Polícia Militar, pertencente à 18ª Região da PM. O agressor foi autuado pela prática da infração penal de lesão corporal (artigo B01129) e poderá ainda responder por cárcere privado e resistência à prisão. A Polícia Militar classificou a atuação como necessária e proporcional, sendo fundamentada nos princípios do uso diferenciado da força, conforme previsto na Constituição Federal (Art. 144) e no Código de Processo Penal (Art. 301).
A Polícia Civil seguirá com as investigações do caso. A vítima encontra-se sob cuidados médicos e, possivelmente, será inserida em programas de proteção à mulher vítima de violência.