O Atlas da Violência 2025, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), acende um alerta grave e urgente: os homicídios de mulheres voltaram a crescer no Brasil. Entre 2022 e 2023, esses crimes aumentaram 2,5%, indo na contramão da tendência de queda dos homicídios gerais observada desde 2018. A cada dia, em média, dez mulheres são assassinadas no país. Trata-se de uma estatística inaceitável em qualquer sociedade que se pretenda justa e segura.
Mais estarrecedor ainda é constatar que uma em cada quatro vítimas tinha até 14 anos, evidenciando a profunda vulnerabilidade de crianças e adolescentes diante da violência. Os tipos de agressão variam conforme a idade, mas o cenário é igualmente alarmante: há meninas assassinadas em contextos de abuso doméstico, violência sexual e feminicídios indiretos — quando a morte da mãe também afeta a vida e segurança dos filhos.
É urgente que políticas públicas eficazes de proteção à mulher e à infância avancem. O enfrentamento da violência de gênero e da violência infantojuvenil não pode ser pontual ou simbólico. É preciso fortalecer a rede de apoio, garantir orçamento para ações preventivas e assegurar punições rigorosas para agressores.
Os dados do Atlas não devem apenas chocar: precisam mobilizar. O Brasil não pode aceitar como rotina a morte de dez mulheres por dia — tampouco a perda precoce de tantas crianças para a brutalidade.