Poços de Caldas, MG – No último sábado, 17, o Cenacon foi palco de uma audiência pública decisiva sobre o futuro da mineração de terras raras na região. O encontro, que reuniu representantes da empresa responsável pelo Projeto Colossus, autoridades políticas e a população local e da região, teve como objetivo discutir os impactos e as perspectivas da extração desses minérios no complexo alcalino de Poços de Caldas.
O Projeto Colossus prevê a instalação de um grande empreendimento mineral focado na extração de terras raras, materiais fundamentais para a produção de tecnologias avançadas, como baterias, turbinas e componentes eletrônicos. A iniciativa, que promete transformar a dinâmica econômica da cidade, também levanta importantes questionamentos sociais e ambientais.
Klaus Petersen destaca importância da audiência
Durante o evento, o Diretor Executivo no Brasil e Gerente de País da empresa, Klaus Petersen, destacou a importância da audiência como um espaço fundamental para escuta e transparência. “Esse evento é extremamente importante para a gente, porque é onde conseguimos expor o projeto e saber a opinião da comunidade. É uma oportunidade para demonstrar toda a transparência da empresa, discutindo impactos positivos e negativos, para colocar toda essa evolução que Poços de Caldas vai sofrer com o empreendimento na melhor direção possível”, afirmou.
Petersen explicou que o trabalho já começou com pesquisas e estudos econômicos e ambientais. “Este ano estamos encerrando toda a parte de pesquisa, avaliação econômica e a primeira etapa do licenciamento, que é o licenciamento prévio. Após isso, virão outras fases do licenciamento, com contrapartidas, etc.”, disse. O cronograma do projeto é considerado apertado. A previsão é que a construção da planta tenha início em 2027, com o início da produção previsto para o primeiro semestre de 2028. “É um prazo bem corrido, envolve muita gente, será um desafio. Mas estamos preparados para esse processo”, completou.
Ele também ressaltou que críticas e perguntas da população são fundamentais: “Toda essa parte, as críticas, os momentos, as perguntas, são muito importantes. Elas nos dão a chance de expor soluções, medidas de mitigação. Às vezes, até aprendemos algo novo. Normalmente, está tudo muito bem controlado, só precisamos das perguntas certas para dar as respostas.” Sobre os próximos passos após a audiência, Petersen explicou que o encontro não tem poder para impedir o licenciamento, mas contribui significativamente para o processo. “É parte do processo de licenciamento, que precisa ser feito. Os questionamentos levantados serão avaliados pelos órgãos ambientais, e esperamos a aprovação da licença prévia em breve.”
Franco Martins reforça importância para o desenvolvimento
Presente na audiência, o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Franco Martins, também se pronunciou. “Hoje é um dia importante não só para a cidade, mas também para o estado de Minas Gerais e para o Brasil. É um assunto muito falado em terras raras e precisa ser debatido. O momento ideal é uma reunião pública para isso.”
Martins ressaltou que Poços de Caldas tem uma longa história com a mineração. “Temos comprovação de 60 anos de atividade aqui. É um momento de compartilhar ideias, aprender e entender o que o Estado prepara para esses projetos. O Estado está presente, a população está presente, a cidade está presente. Os processos estão caminhando.”
O secretário avaliou o projeto como positivo para o desenvolvimento econômico, mas defendeu mais aprofundamento. “Temos que trazer a cadeia produtiva para Poços. Foi muito debatido isso. Entendemos que é um projeto rentável e que Poços vai ganhar com ele.”
Preocupações ambientais e sociais em destaque
Durante a audiência, moradores e especialistas levantaram diversas preocupações, principalmente sobre os riscos da extração para o meio ambiente e comunidades próximas. Um dos pontos mais discutidos foi o uso intensivo de água no processo de mineração.
De acordo com relatos apresentados no encontro, milhões de litros de água poderão ser consumidos mensalmente, o que pode ocasionar escassez hídrica, comprometendo o reabastecimento público e a qualidade da água. Foram direcionadas perguntas diretas à empresa sobre os mecanismos de controle, mitigação e compensação ambiental.
Participação do Legislativo
O vereador Neno também esteve presente e falou sobre a posição da Câmara Municipal diante do tema. “É uma grande audiência pública o que está acontecendo aqui hoje. E nós, como Legislativo, estamos aqui ouvindo, atentos, para que no futuro a gente consiga ver o que é melhor para Poços de Caldas.”
Ele destacou que é fundamental aproveitar a oportunidade de participar do debate. “Temos que entrar na discussão para que isso aconteça da melhor forma possível.”
Questionado sobre os prós e contras do projeto, o vereador foi direto: “Todo empreendimento na área da mineração traz um impacto ambiental. O impacto é muito forte, mas precisa ser feito com muito cuidado, com estudo, para que ocorra o mínimo possível de dano. Por outro lado, para o progresso, o número de empregos que vai ser gerado é fundamental para a cidade. Tem que ser muito bem analisado, muito bem debatido.”
A audiência pública sobre o Projeto Colossus deixou claro que o assunto divide opiniões, mas também revelou o desejo comum de garantir que o desenvolvimento ocorra com responsabilidade social, ambiental e econômica. O processo de licenciamento segue em curso, e novos encontros devem acontecer ao longo das próximas etapas.
PAULO VITOR DE CAMPOS
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