Escola e o tempo integral

Hugoi PONTES
Professor, poeta e jornalista

O Brasil vivenciou, até os meados do século XX o instituto da escola em tempo integral, ou melhor, tempo total. Foi à época dos seminários e dos colégios das freiras.
Cada qual no seu quadrado, os seminários recebiam em seus internatos os jovens e os colégios recebiam as jovens em regime integral.
Ali os internos e as internas passavam praticamente o ano todo, convivendo entre si, longe das suas famílias num regime de disciplina rígida e obrigatoriedade de estudar em tempo integral, excetuando a hora de dormir, alimentação e horário das missas e orações.
Os anos, as mudanças de costumes se encarregaram de acabar com esse modelo, uma vez que o Estado foi – com o tempo – abrindo a oferta de escolas com os cursos ginasial e o científico, contabilidade e outros.
Na década de 1970 alguns Estados, entre os quais Minas Gerais, implantou as excelentes escolas que ficaram conhecidas como Escolas Polivalentes. Nelas os professores trabalharam em tempo integral e o currículo previa atividades pedagógicas no extraturno.
Esse modelo durou pouco, uma vez que o governo não conseguiu sustentar essa estrutura escolar, por causa da evasão dos professores que passaram a ganhar mal; contratação de professores não-preparados para atuar dentro do modelo proposto; a não manutenção da estrutura da escola com seus laboratórios e salas de aula para prática voltadas para o conhecimento do mundo do trabalho; e – por fim – o não reconhecimento da importância do modelo escolar por ser diferenciado das escolas tradicionais.
Não bastassem todos os problemas governamentais, ainda havia a questão relacionadas àqueles alunos que por vários motivos não tinham como ir à escola por falta de condições financeiras para pagar o transporte público, a necessidade que precisar trabalhar e ficar em casa tomando conta dos irmãos menores. Toda essa realidade ainda é concreta em nossos dias.
A escola em tempo integral é a solução ideal para que nossos jovens adquiram a escolaridade plena. Entretanto, precisamos combinar todas as necessidades de tal forma que esse tempo integral ocorra desde as séries iniciais até a conclusão do ensino médio, a fim de que nossos adolescentes saiam da prontos para mostrar plenamente suas capacidades intelectuais seja em que nível for.
E, para concluir, espera-se que os governos – principalmente estadual e municipal – coloquem em primeiro plano os professores, valorizando-os como profissionais com remuneração digna.