LITERATURA – GRUPO NEOCONCRETO MINEIRO – Uma História

Hugo PONTES
Professor, poeta e jornalista

Em 1952 Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos publicaram “Noigandres 1”, em São Paulo, propondo um programa, em equipe, de experimentos no campo da poesia de vanguarda, dando continuidade ao Modernismo que acontecera em 1922. Augusto de Campos denominou “Poesia Concreta” o novo gênero de poemas que surgia para criar polêmicas e radicalizar posições.
Poetas e militantes literários assumiram e o movimento fixa a partir de 1957 com a I Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada no Rio de Janeiro.
O movimento ganhou forma e campo. Os reflexos internos foram os mais variados e houve adesão de cidades pelo interior do Brasil, principalmente em estados como Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Em 1957 um grupo de jovens radicados em Poços de Caldas
aderem à proposta vanguardista e forma o Grupo Concreto Mineiro, cujos integrantes eram os jovens José Asdrúbal Amaral, Omar Pereira, José Paschoal Rossetti, Roberto Thomas Arruda e Célio Cézar Paduani.
O grupo segue a linha de criação aberta pelo poeta alemão Eugen Gomringer que historicamente iniciou na Europa a poesia concreta.
O grupo partiu, em 1959, para a poesia Neoconcreta. José Paschoal Rossetti, em seu livro “Colunas-Calor, editado em 1959, diz: “O neoconcreto é a preocupação em abordar o som, aproveitar o espaço; e o tempo age como simples elemento desligado, não estando em conformidade com as noções explícitas do poema. São tentativas e experiências transcendentes do verbo e ligadas à profundeza da obra, havendo predominância de uma outra realização estético-acústica-ótica”.
Para divulgação da sua obra, o Grupo Neoconcreto Mineiro editou a coleção Temposom em sete volumes: Anjo Metal (poemas neo-concretos); Coluna-Calor (poemas neoconcretos); Roteiro-Epígono (contos cinematográficos, poemas); 5 Poemas Concretos (ótico- espaciais); 10 Poemas: 5 Heinz & 5 Rossetti; Poesia Concreta Ceará-Minas (antologia); e Metamorfose (livro solo de José Asdrúbal Amaral).
Sem dúvida, esse movimento marcou uma fase importante na e para a história da Literatura poços-caldense, proporcionando vários estudos e várias análises no contexto da literatura de vanguarda do Brasil.