Você já se pegou rolando o feed do celular sem perceber o tempo passar? Já sentiu a obrigação de responder mensagens imediatamente, mesmo cansado? Ou aquela angústia inexplicável ao ver a vida perfeita dos outros nas redes sociais? Se sim, você não está sozinho.
Estamos imersos em um mundo onde a conexão é constante e a desconexão, cada vez mais rara. A tecnologia, que deveria facilitar a vida, tem se tornado fonte de ansiedade e exaustão emocional. A esse fenômeno, dá-se o nome de ansiedade digital: um estado de alerta permanente alimentado pelo excesso de estímulos, notificações, e pela pressão de estar sempre disponível.
Segundo pesquisas recentes, o uso excessivo de dispositivos digitais está diretamente associado ao aumento de sintomas como insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração e sensação de inadequação. Entre jovens, o impacto é ainda mais expressivo. Muitos relatam sofrimento diante da necessidade de “performar felicidade” nas redes sociais, comparando suas vidas reais a recortes idealizados do outro.
Vivemos uma cultura da velocidade e da aparência, onde o silêncio assusta e o ócio é visto como improdutivo. O problema não está na tecnologia em si, mas na forma como nos relacionamos com ela. Ao não estabelecer limites, acabamos permitindo que a lógica da conexão constante nos desconecte de algo essencial: nós mesmos.
É preciso, com urgência, promover uma educação emocional para o uso consciente das telas. Reservar momentos de pausa, evitar o uso de dispositivos antes de dormir, e buscar atividades offline que gerem presença e bem-estar — como caminhar, ler, conversar presencialmente — são atitudes simples, mas poderosas.
Além disso, normalizar o cuidado com a saúde mental é essencial. Procurar ajuda psicológica não deve ser visto como sinal de fraqueza, mas de coragem. Em um mundo que nos pede desempenho o tempo todo, cuidar de si é um ato de resistência.
Falar sobre ansiedade digital é, antes de tudo, reconhecer que viver bem no mundo contemporâneo exige novas formas de presença. Que possamos aprender a usar a tecnologia a nosso favor, sem abrir mão daquilo que nos torna humanos: a capacidade de sentir, refletir e se conectar de verdade com o outro e consigo mesmo.
Veruska Matavelli Prata Maziero
Psicóloga- CRP 04/79749
Instagram: @psiveruskamaziero