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Audiência Pública dá voz para pessoas com autismo na Assembleia de Minas

Data da Publicação:

27/04/2023

Belo Horizonte, MG – Dar voz para as pessoas autistas e ouvir as demandas da comunidade autista. Esse foi o principal resultado da audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na tarde desta quarta-feira (26). O evento, que faz parte da programação da Casa em abril, mês de conscientização sobre o autismo, foi um requerimento do presidente da comissão, o deputado estadual Dr. Maurício (NOVO).
O debate deu destaque à necessidade das pessoas autistas falarem por si próprias e com base nas informações obtidas, o deputado Dr. Maurício afirmou que, em breve, vai protocolar um projeto de lei na Assembleia Legislativa, para criar políticas públicas para atender a esse público.
“Muitas vezes o aluno fica relegado aos cuidados do professor de apoio, que fica responsável por aquele aluno separadamente, e há uma exclusão social que não pode acontecer. É preciso inclusão e de uma equipe multidisciplinar. Afinal, autismo não é uma doença e precisamos dar voz para elas”, afirmou o deputado Dr. Maurício.
Um dos diferenciais da audiência foi trazer, além de especialistas na área, o relato de pessoas autistas e as necessidades delas. A adestradora de cães, Adriana Torres Ferreira, mulher de 50 anos, compartilhou as experiências de seu diagnóstico tardio aos 47 anos e de viver num mundo neurotípico, onde teve de fingir ser quem não era.
“Pessoas autistas devem falar por si próprias e não devem mais ser patologizadas. Precisamos acabar a crença de que a pessoa com deficiência tem de ser consertada para estar no mundo. Passei uma vida sem nenhuma adaptação. Tenho depressão refratária e síndrome do pânico, não porque foram doenças que vieram associadas, mas porque eu tive de me forçar a ser quem eu não era. O diagnóstico foi uma libertação. Não somos complexos, nem um quebra cabeças, nem um cubo mágico. O nosso cérebro apenas funciona de forma diferente da de vocês. O mundo precisa de diversidade de mentes e de corpos. Temos o direito de existir e falar por nós mesmos, até os que não falam”, afirmou Adriana Ferreira. Já Nicoly Oliveira Rocha, uma estudante de 15 anos, também compartilhou sua experiência de diagnóstico tardio, bem como a ansiedade e a depressão que enfrenta como resultado. “Precisei me adaptar à comunidade neurotípica e às exigências que não fazem parte do que eu penso em nome de uma suposta normalidade. Isso dói. A ideia de que o azul é a cor do autismo é excludente. Precisamos não de um mês, mas de um ano colorido, onde a pessoa autista, com TDAH e todas as neurodiversidades presentes na nossa comunidade sejam aceitas o ano inteiro”, explicou.
Luis Renato Braga Arêas Pinheiro, Defensor Público e Coordenador Estadual da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência da Defensoria Pública de Minas Gerais, ressaltou que, mesmo sendo pai de uma pessoa autista, não se sente confortável em falar em nome do seu filho. “A pessoa com deficiência tem de falar por si. Só vamos mudar o panorama das coisas a partir do momento que elas ocuparem o espaço que é naturalmente delas”, defende.
A diretora-presidente do Centro Especializado Nossa Senhora D’Assumpção (Censa Betim), Natália Costa, ressaltou que o autismo não deve ser encarado como doença a ser curada, mas sim como uma condição. Ela ainda destacou preocupação quanto ao envelhecimento dos pais e dos cuidadores de pessoas autistas.
Promotora de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Vânia Samira Doro Pereira Pinto pediu que o estado priorize as pessoas com deficiência no orçamento, para que elas possam receber cuidados e sejam criadas oportunidades de autonomia. “A consciência só vem quando passamos a conviver e dialogar. Precisamos garantir a qualidade de vida das pessoas com deficiência, elas não podem envelhecer e ficar sem cuidadores”, destacou.
Secretária Municipal de Esportes em Juatuba (RMBH) e mãe de criança autista, Cristiane Campagnani Pereira manifestou sua preocupação pela falta de políticas públicas direcionadas às mães de pessoas com deficiência.
“Tive crise de ansiedade por não saber quem vai cuidar do meu filho no futuro, na minha falta. Precisamos de ações para as mães porque fazer por nós é fazer por eles. E muitas mães também não têm os seus próprios diagnósticos”, ressaltou.
Coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Estado de Saúde, Renata Cardoso Ferreira Vaz deu destaque às equipes multidisciplinares existentes em algumas escolas do estado e que atendem às pessoas com deficiência e pontuou a importância do diagnóstico o mais cedo possível na vida das crianças.

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