LETRAS ou NÚMEROS e LETRAS

Hugo PONTES
Professor, poeta e jornalista

Em artigo para a Folha de São Paulo, do dia 25 de fevereiro de 2024, Paula Ferreira Rosa opina e argumenta sobre como a disciplina Matemática deve ser tratada como um bem da humanidade.
Nos meus – e de muitos outros – primeiros anos de Grupo Escolar passamos quatro anos estudando aritmética. Segundo os nossos professores, saber as 4 operações era fundamental para o nosso futuro. 4 operações: somar, dividir, multiplicar e subtrair era o nosso doutorado para uma realidade comum a todos que não continuariam seus estudos por falta de condições financeiras ou por falta de uma escola que oferecesse o curso ginasial.
Daí saber ler, escrever e a aritmética era um ganho em relação as gerações passadas que – na sua maioria – eram analfabetos, ou não tinham concluído o ensino primário.
E é bom entender que nas inúmeras cidades dos estados brasileiros havia apenas o conhecido grupo escolar com as 4 séries primárias. Para fazer o curso ginasial e, depois, o científico, clássico e contabilidade o jovem teria que estudar em outra cidade onde, muitas vezes, os cursos eram oferecidos por escolas particulares ou colégios de padres e freiras. Portanto, pagos.
Não temos dúvida em afirmar: hoje – comparando com o passado – todos têm acesso à educação. As implicações para que o jovem não frequente a escola estão nas parcas condições das famílias cujos filhos têm que trabalhar para ajudar financeiramente em casa, ou mesmo ficando em casa para cuidar dos irmãos menores ou dos avós enquanto os pais saem para trabalhar.
Ainda hoje, segundo os levantamentos estatísticos, a situação persiste em menor grau, mas permanece sendo um problema social.
E nossos governos federal, estadual e municipal não encontram solução para o problema, mesmo tendo recursos financeiros prioritários para a educação.
Não faltam recursos. É fato!
Mas falta incentivo para nossos jovens voltem os seus olhares para a atividade do magistério. Profissão essa que não foi extinta porque ainda encontramos cidadãos e cidadãs vocacionados para o exercício do magistério.
Voltando ao título da matéria da Folha: “Matemática dever ser tratada como um bem da humanidade”, complementamos afirmando que, antes dos números, precisamos cuidar das letras isso porque “quem não lê não escreve”. Quem não lê, não entende o enunciado de um problema matemático pois para tanto é preciso saber interpretar.
Dessa forma, acreditamos (depois de anos como professor de Língua Portuguesa e Literatura) que a complexidade da Matemática e, também, das demais disciplinas, poderá ser equacionada sem maiores dificuldades.